De Inverno Comunicação

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Tento pensado sobre essa incapacidade de parar! A mente,
o corpo e o ser. Hoje fui para Yoga, outra etapa nessa busca. Nela, que é bem
recente na minha vida, tenho tentado esquecer o tempo, sair de fora de mim e
encontrar o centro do corpo, o ponto em que consigo manter o equilíbrio, físico.
É quando, claramente, me sinto mais perto de algo que vislumbro ser o que
identifico como serenidade. Noto sinais aqui e acolá, são pistas mesmo. Nas
biografias que leio – como a mais recente, do impressionante monge Leonard
Cohen, que me fez chorar tão profundamente que até me assustei -; no quintal e
até no incenso de determinado orixá que escolhi pela primeira vez sem saber
porquê. Ou nas palavras que pedem que atentemos para o coração – e não na
respiração, como sempre fiz. 
Alta e fina!
Talvez não tão alta assim.
Olho ela mesmo sem estar a sua frente.
Olho ela, intrigada.
Corpo esguio
Pequena.
Parece mais alta do que é.
É a postura! Ereta no centro do corpo
Linha central sempre impecável!
Não tem modos ou vestígios de bailarina.
Seus movimentos são outros, deixa escapar …
aqui e ali
nisgas de uma certa impaciência mal
disfarçada.
Rio, ao pensar nisso.
Tem algo nela que me faz querer saber mais.
É seu corpo.
É seu corpo?
“Ouça o coração”. Procure o coração.
Sinta o coração flutuar boiando no primeiro
pedaço de uma possível existência
E no último pulsar do que se realizou,
enfim!
Ela se movimenta, pouco, pela sala.
Fala baixo, mesmo quando escapa de si.
Te fiz meu objeto de observação (apreciação)
por pura inquietude,
não mais que isso.
Pela pura curiosidade de desvendar-me em
outras filosofias vagas, talvez.
Me sinto tateanto.  Às
vezes, como ontem, em alguns momentos acho que está tudo perdido mesmo, que é
meu jeito não conseguir parar e que tenho que continuar convivendo com essa
mente barulhenta. Noutras, uma pequena surpresa, tão inesperada quanto
desejada, se dá e posso, por exemplo, de pernas pro ar, sentir uma plenitude, o
vislumbre da tranquilidade que sabe (e o traduz por segundos) onde está o tal
ponto de equilíbrio/centro do corpo, compreensão tão mais importante pra nós
agora, me parece. Foi efêmero.  É
efêmero. E se basta em sua efemeridade. 
Pois é o suficiente para passar por mais um dia, alguns instantes sem
pensar em alguma lista de coisas para fazer (elas sempre estarão lá, afinal,
não importa o quanto eu faça!!)
Até
os passarinhos estão quietos
É
como se o dia continuasse a dormir
Enquanto
me explico,
replico
explico
revolta
em um mar de eus
que
se debatem
nessa
escuridão gelatinosa de placenta
pedaços
de ‘mins’
massacrados
por quereres
por
quereres…
e
eu explico
me
replico
quanto
menos me reconheço a braçadas largas
cuspo
e me vomito
em
uma desintoxicação de mim mesma.
Escorrego
pra baixo da coberta e me encolho.
Nada
existe, neste momento.
O
nada existe,
(e)
o ser em nada resiste.
Me sinto tateando em meio a ilusões de certezas. E lembro até
da fábula da  Sapatinhos   Vermelhos e da garotinha tão deslumbrada, tão  ávida por não perder nada que acaba… se
perdendo. Na primeira vez que li, senhora Clarissa, achei cruel, malvado mesmo.
Estava tentando reconstruir-me dos ossos, cantando. Rsrs. Eu não sabia disso. Uma parte de mim desconfiava disso, sem saber. Tantas foram as vezes em que minhas antenas me
desvirtuaram para fora de mim… quantas vezes ainda o farão…
Sim, me sinto tateando, portanto. Rouca e quase sem voz.
Abro
um caderno velho e encontro a sua letra
Em
palavras garrafais ela me diz que tudo acabou
Depois,
mais calma, me conta alguns segredos esmagados
e
que foram esquecidos
Mexo
e remexo o pé nervoso e fecho os olhos para lembrar
Mas
tudo que consigo é não notar que o tempo nos levou para voos de Ícaro
Sempre
é possível voltar.
Querer
é que é a razão.



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