De Inverno Comunicação

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Não mais que de repente, em uma noite como todas as outras de março, ainda em frente de casa, iniciando o passeio com a juju, senti algo se agarrando à minha perna direita. Se agarrando, mesmo, com força… fiquei de cara, quando olhei pra baixo.. era um cachorro abraçado a minha perna. O susto nem aconteceu, pra ser sincera, sei lá o que se passou, foi tudo rápido, tão inacreditável aquele abraço… quase não tive reação por segundos.

– Olha só, Juju, que cachorrinho simpático”, recobrei-me, já pensando em evitar confusão entre eles.  E a reação da Juju foi tão surpreendente quanto (ou não, né?!). Ficaram amigos instantaneamente (nas divagações posteriores me perguntei se já andavam se espreitando separados pelo portão). E foi assim, em uma noite já ansiosa com a pandemia chegando na cidade, na semana em que começaria a minha quarentena (entre 10 e 12/03), que o Bizi, também conhecido por aqui como lorde Bisteca, entrou na minha vida.  Na do Ivan ele tinha chegado, sem que eu soubesse, horas antes deste mesmo dia.

Naquela noite, o Bizi, chamado por mim apenas de cachorrinho, fez todo o passeio (que não era curto e tinha em sua trajetória, rota de ônibus e mais de uma avenida movimentada do bairro) junto comigo e Juju, brincando com ela e me obedecendo a cada chamado pra atravessar a rua junto com a gente (ele sentava encostado na minha perna para esperar a hora segura de passar desde esse primeiro passeio!). Foi e voltou com a gente todos os dias, desde então. Mudou a rotina da casa e, em especial, a da Juju. Novos sons, olhares, brincadeiras surgiram na casa e não fomos mais os mesmos.

Caramelo como a Juju, nos mostrou outras facetas da nossa ciumentinha, colocou as correrias definitivamente na agenda de todos os nossos dias, e até ‘reeducou’ a soberaninha em algumas questões, como valorizar sua cama, seu prato de comida – ao mesmo tempo em que dividiam tudo, numa boa.  Quer dizer, quase tudo. Foram três tretas, duas feias; em uma delas me deixaram marca, claramente assustados quando viram minha mão sangrando. Depois daquela, nunca mais brincadeira acabou em briga! A cada dia foi visível a ‘parceiragem’, nas brincadeiras do quintal; no claríssimo respeito dele com ela. Ele se tornou meu companheirinho da horta e do jardim, e se juntou à Juju na cara de felicidade que irradia antes,  durante e depois dos passeios – eles sabem exatamente quanto está chegando a hora. O Bizi corre na frente – ele vai solto, a Ju vai comigo -, ‘conversando’ com pessoas e cachorros que aparecem e de repente para, pra ver onde a gente tá. Daí volta correndo pra cheirar algo junto com a Ju. E assim seguimos, fazendo novos amigos, dando oi para alguns que foram simpáticos e permitiram a aproximação do portão para saciar a curiosidade dos dois lados. Alguns se tornaram amigos que ‘visitamos’ todo passeio, como o velho Sábio e o Rotti, ou a dupla pretinho e brancão que acompanha a gente em alguns passeios. Também aqueles estressados, que não passeiam e ficam loucos quando a gente passa.

Tivemos noites iluminadas por luas cheias impressionantes, como a de ontem (30/12/2020), já corremos assustados pela tempestade chegando em pingos grossos e enfrentamos cães mais atrevidos – e alguns desavisados que só percebiam depois da investida contra o Bizi que não, ele não está mais sozinho. Rsrsrs.  Claro, que eles recuaram. Também encontramos alguns gatos que agora já não correm mais quando a gente se aproxima e até um coelhinho branco. Assim fui vendo um amizade linda se firmando, laços espalhando suas raízes para vários lados.

Aos poucos, o Bizi foi conquistando seus espaços – no chão da sala, no sofá, como guardião do portão e do movimento da rua, na nossa vida… agora está às voltas com a Chanel, a última conquista que faltava na casa. Fomos percebendo a preciosidade que é esse bichinho – a cara do Maylon, o cachorro do máscara, ele ri! –  e fui me dando conta da importância dele, exatamente neste ano tão difícil. Não a toa brinco que eles são minhas bibliotecas de felicidade e sem dúvida, o Bizi trouxe outro brilho, outras alegrias para Ju que, claramente, se refletem em mim e na gente, na casa. E no final das contas ele salvou o ano de uma catástrofe. Cada vez que olho pra ele, por estes dias, tenho vontade de abraça-lo – e ele fica lá me olhando com aquela cara de quem tá rindo, feliz da vida. Ele não tá mais sozinho – e nós estamos mais felizes. Vai 2020, no final das contas vou sempre lembrar de você por uma coisa boa nas nossas vidas.

Em tempo: Antes de me agarrar, o malandrinho, no mesmo dia,  estava no ponto de ônibus em frente de casa quando Ivan foi almoçar. Ele foi notado, mas Ivan deu uma durão – mas não esqueceu o cachorro. Na volta, como não o encontrou mais, decidiu deixar água embaixo das árvores na frente de casa, parada certa de todo cão que caminha por ali. Sem saber, depois do fatídico passeio, mandei uma mensagem para Ivan avisando que iria recolher um cachorrinho que tava na rua e parecia ter dono. até a gente achar a casa dele. não queria estresse. o resto é história. Em dois atos ele nos arrebatou.

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