De Inverno Comunicação

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Há dez anos o OAEOZ lançava seu “canto do cisne”, um box set
com dois discos: “Falsas baladas e outras canções de estrada”, com oito faixas
gravadas no estúdio do guitarrista Carlos Zubek; e o “Ao vivo na Grande Garagem
que Grava”, com cinco músicas gravadas, como já diz o título, na Grande Garagem
que Grava mantida pela Chefatura Records de Luiz Antonio Ferreira e Rodrigo
Barros Del Rei, do Beijo AA Força.
“Falsas baladas” tinha Ivan Santos (violão, voz, teclados,
guitarras), Carlos Zubek (violão, voz, guitarras), André Ramiro (guitarra),
Rodrigo Montanari (baixo, voz) e Hamilton de Lócco (bateria). E assim como em
outros discos, também incluía a participação de vários amigos e parceiros, como
Igor Amatuzzi tocando trompete em “Negativa”, e Desiré Amarantes tocando
violino em “Pra longe”. O design da capa foi feito por Giancarlo Rufatto a
partir de ilustrações de Hamilton de Lócco.
As parcerias também estavam nas composições. “Distância” é
uma música de Ivan Santos feita a partir da adaptação de textos de Adriane
Perin e Rubens K. “Negativa” é um poema de José Fernando da Silva, musicado por
Ivan.
“Falsas baladas…” foi lançado originalmente pelo selo
Senhor F Virtual, do jornalista Fernando Rosa, que na época completava dez anos,
atingindo 140 mil downloads. E na época, segundo o próprio selo, foi o segundo
disco mais baixado. A versão física em CD teve apoio das Livrarias Curitiba e
Tecnicópias.
Para comemorar, estamos disponibilizando o disco para ser ouvido/baixado no soundcloud. 
Abaixo, algumas impressões sobre o disco publicadas:

“Com ‘Falsas Baladas…’ o OAEOZ lança um disco que em
nenhum momento parece fácil e gratuito, que para ser apreciado precisa ser
tocado por vezes e mais vezes, mas que a partir do momento que você acredita
nas canções, fica difícil não gostar.”

“Com dez anos de estrada, o quinteto curitibano alcança
a maturidade musical em um álbum que impressiona pela maneira que despe
sentimentos, desejos e sonhos. “
Marcelo Costa, Scream Yell.

Folha de Londrina
Banda curitibana OAEOZ chega à maturidade sonora com novo
álbum ‘Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada’
Mesmo que em seus onze anos de existência a banda curitibana
OAEOZ tenha zelado pela imagem de uma banda bastante adulta, é com o novo álbum
”Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada” que eles chegam, de fato, à
maturidade sonora. Ao mesmo tempo em que as novas músicas estão mais ricas em
arranjos, o grupo limou alguns excessos do passado, principalmente em relação
aos vocais, que estão mais contidos (antes, quando o vocalista era mais
expansivo, a melodia se perdia).
Nas oito canções do novo trabalho, o que se ouve é rock
adulto, sofisticado, de músicas geralmente lentas, mas que também tem seus
momentos agitados, com inspiração nos alternativos paulistas dos anos 80, como
Ira! e Fellini. É música feita por gente normal, que você encontra pela rua diariamente,
sem uma produção visual, seja no palco ou fora dele.
O confronto de músicas mostram uma banda versátil. Enquanto
”Ninguém Vai Dormir” esbanja adrenalina rock’n’roll, ”Distância” destaca-se
como a mais introspectiva do disco. Em ”Negativa” os arranjos são
minimalistas, enquanto ”Impossibilidades” é generosa em recursos e elementos.
Esta última foi lançada como single no ano passado, assim como o folk rock
auto-referente ”Uma canção Para OAEOZ”.
Este lançamento pode ser considerado de luxo, pois vem
acompanhado de um outro CD, ”Ao Vivo Na Grande Garagem Que Grava”, acomodados
em um elegante box de papel cartão. No disco ao vivo, a banda apresenta cinco
faixas inéditas. E apesar da gravação ao vivo ser crua, em relação à de
estúdio, as músicas mantêm uma alta dose de sofisticação.
Rodrigo Juste Duarte
“Guardadas as devidas proporções e diferenças musicais, as
letras lembram uma outra banda de Curitiba, que também tem trabalho novo à
mostra, falo da OAEOZ (www.myspace.com/oaeoz), mais veterana, com dez anos de
estrada e cinco discos. As duas mostram esse “deslocamento”, essa falta de
lugar em um mundo que atropela quem pára para pensar ou sentir. Esse ser é torto,
tímido, “gauche”, como definiu Drummond. Vou dar um só exemplo, mas não quero
que pensem que as bandas são parecidas, apenas coincidentes em certas palavras:
“O fim que chega toda manhã/ quando você fica na cama dormindo sozinho”, diz a
letra de “Distância”, de OAEOZ. “Todas as noites quase morro/ Para renascer
cada manhã” é o início da música “Heróis”, da banda Nuvens”
Gazeta do Povo – Acordes Locais – Luiz Cláudio Oliveira

O ÁLBUM BRANCO D’OAEOZ
Dúvida! Não sei se a vida inspira os phatos ou é arte?
Teu disco me recorda a resenha do último disco da Legião
que li na
Bizz, o disco era “Tempestade” e o crítico foi
muito feliz no
prognóstico – acho que o papel da resenha é levar a ouvir
o disco
Sonoramente teu ao vivo pega gancho no Banquete dos
Mendigos no
próprio AEOZ e Pink Floyd. Melâncolico ou mórbido? Mas o
título é
dúbio falsas baladas e outras canções de estrada – se vc
trocar os
discos de capinha tanto faz…
Rock Adulto? Entonação oitentista (Zero) Ballet Bauhaus
Novo Cinema
Alemão Rock Teatral e a maior homenagem a Nei Lisboa, o
disco que ele fez com outro nome – Disco da noite/dia luz/ – o tema do sol é
lindo como uma banda que me esqueço o nome agora – ramo do Bauhaus mas tem
aquele outro cantor australiano que morou em São Paulo vivendo o filme das tuas
palavras. “Meg & John” de Rubens K. é a minha história com outros
nomes – incrível nunca tive tanta saudade dos anos 80. alguns
acordes do ao vivo também me fizeram imaginar como os
“headbangers” podem ignorar teu disco, ou por quê nós somos privados
da oportunidade de assistir a este show? Mas esta é a máxima da arte guardar p/
descobrir a esquizofrênia em “deserto” e é
certo que o AEOZ trabalha
arduamente em suas músicas e linguagens e discos.
Dois lados um ao vivo e outro de estúdio, sabiamente via
dowload – boa – bootleg ao inverso – fiquei meio desapontado quando vi que o
primeiro cd era queimado e o segundo ao vivo oficalmente
presnado sem contato c/ o ar – e ouvindo entendi que era um disco de downloads
coisa de fã – peguei o espírito!
(…)
tô curtindo muito o disco elétrico – conhecendo os
ensaios e os
outtakes do álbum branco a gente enxerga uma similaridade
até nas
coisas mais cruas – Mariana é uma música muito bonita e
este
desprendimento dos arranjos da duração das faixas e ecos
com Joy
division – Renato Russo – ainda não analisei o lado
lírico – mas eu
gosto como vc dá as notas no vocal e o arranjo vai atrás
– o
convencimento da forma – a guitarra é muito bem tocada,
muito bem
dosado – minimal – os arranjos são mais sofisticados tem
um piano
bonito – uma introdução diferente – parece produção da
gravadora
Stilleto – por isso eu ACHO oitentista – pega o Varsóvia
– pega as
nossas releituras de Rimbaud
INTRAUTERINO CAFONA SENTIMENTAL OTIMISTA ESPERANÇOSO
APAIXONADO –
SOLITÁRIO – NOSTÁLGICO mas NUNCA OMISSO QUANTO ÀS
RELAÇÕES É O TIPO DE
DISCO QUE A GENTE PROCURA OUVIR
Vc sabe, que eu não conheço muito de Você e o disco leva
a essa
procura em saber quem é vc- então o disco é perfeito
a expresão do it yourself – explica tudinho era isso que
eu queria
ouvir – apesar de eu usar bootleg com o mesmo
significado.
Receber este disco já velu a pena recolocar o site no ar
e é o que
estamos fazendo divulgando a música doprópriobolso.
Mário Pacheco
O texto de apresentação do jornalista Leonardo Vinhas:

Eu tinha 15 anos e sonhava em ser jornalista musical –
depois que algumas aulas de contrabaixo me mostraram que eu teria “dificuldades
técnicas” em seguir carreira até mesmo num “Ramones cover”. Era o começo dos
anos 90, e cada descrição de um show na gringa ou mesmo na “longínqua” São
Paulo (para quem morava no interior e só ia ao litoral com os pais…) valia
para mim como a descrição de um épico, para dentro do qual eu era transposto
graças à palavras que davam a dimensão do que eu havia perdido.
Acreditava, naquele momento, que o ofício de jornalista
musical tinha a ver com saber dar aos leitores a medida exata do que eles
haviam perdido, ou perdiam, não estando em determinado show, ou não escutando
certo disco. E acreditava no poder transformador/catalisador/entorpecedor da
música.
Hoje eu tenho o dobro dessa idade e, sendo justo comigo
mesmo, continuo acreditando nesse poder da música. Mas não no jornalismo (e nem
apenas no caso do musical). Cumpri meu objetivo, estive em shows, ouvi discos
que ganhava de graça para resenhá-los, viajei e achei tudo isso muito
frustrante e aborrecido. Conhecer os músicos era um comportamento típico da
minha idealização adolescente, mas depois de certo tempo, achei melhor nem
conhecer quem compunha uma canção que mexia comigo, da mesma maneira que é
interessante que um fiel não conheça a vida íntima do pregador de sua fé. Os
pequenos detalhes ganham demasiada importância e arruínam qualquer sonho.
A esse processo de transformação pessoal – que até aqui está
restrito à música – soma-se o cinismo que parece ganhar força e tomar espaço,
insidiosamente, conforme você vai abandonando a faixa dos vinte. Talvez seja
uma característica de nossos tempos e nossa sociedade: começamos a trabalhar
muito cedo, a dar a cara à tapa muito jovens, e a crise de meia-idade vem
quando nos aproximamos do nosso suposto auge, que é a faixa dos 30 (pergunte ao
seu médico, caso você já esteja freqüentando um). O fato é que quanto mais
velhos, mais cínicos, e tudo parece tornar-se mais chato e menos empolgante,
inclusive (e principalmente) os relacionamentos e a música. Minha geração está
se sentindo velha e desesperançosa aos meros 30 anos, isso numa época em que a
expectativa de vida supera os 70. Ou seja, não chegamos nem à metade de nossa existência,
e já estamos rabugentos e entediados.
Aí calha que por uma série absurda de coincidências, por um
ato de molecagem que parece inapropriado à sua “idade”, você faz uma viagem
inesperada, cai numa cidade onde ninguém lhe conhece e você sai de lá com
várias histórias para contar e até com alguns amigos. Levando ainda alguns
discos debaixo do braço, passados pelos mesmos amigos.
Aí, de volta à sua casa, você escuta uma voz saindo de algum
desses discos que confessa: “dizem que tenho talento para melancolia, qualquer
tipo de fobia, que tenho pena de mim…” Como é que é? Eu acho que reconheço
esse sentimento! Não passa muito, uma outra canção confessa que “a vida é
fácil, eu é que sou complicado, sempre acabo me enroscando nesses dias tortos.
A gente sempre quis ter uma vida simples, mas tudo é tão difícil quando se
tenta fazer o que se quer”. Parece que todas as suas contradições adolescentes
que ficaram disfarçadas sob camadas de cinismo adulto estão reveladas ali, na
sua cara, prontas para ficarem reverberando até você não querer pensar mais
nisso, simplesmente porque não consegue se encarar. Porém, esse mesmo disco
traz uma canção sobre a estrada que, além de lhe lembrar que você nunca terá
viajado o suficiente, lhe propõe que “o peso que carrego nos ombros é só
bagagem”.
Foda.
Os anos passam, você passa a viajar para acompanhar aquela
banda e vai vendo que, mesmo com a passagem do tempo e muitos meses de estrada,
você continua cínico. Puxa, será que a música não te transformou? Será que
aquilo que parecida redivivo em você foi só uma última fagulha de um brilho
jovem que vai ficar permanentemente soterrado sobre essa carcaça de velho que
você criou para si próprio? Live fast, die young, diziam anos atrás. Você não
morreu jovem. E agora?
E agora chegam não um, mas dois discos novos dessa banda.
Você nem estava esperando, mas eles chegam numa tarde rotineira, vento quente
arrastando o tempo. Você tem que ir trabalhar, então coloca os discos no som do
carro e nem percebe que, pela primeira vez em muito tempo, as idéias de
“cinismo” e “idade” nem passam pela sua cabeça. Algumas palavras vêm lembrar
que você não é mais um garoto mesmo, e daí? A esperança nunca foi privativa da
juventude e, ademais, todos aqueles escritores de quem você gosta tanto, que
ocupam a maior parte da sua surrada biblioteca, começaram a escrever suas
melhores obras só depois dos 40. Quem é que estava preocupado com a data de
nascimento mesmo?
Mas a queda do cinismo é que é mais interessante. Porque
essa banda pode escrever canções a partir de uma conversa entre amigos na laje
– uma canção sobre a conversa, aliás. Essa banda escreve uma canção sobre ela
mesma, e a relação (não necessariamente idílica) entre seus integrantes.
Caramba, essa banda escreve uma canção sobre a vontade que dá de parar com tudo
e não se fazer mais o que se quer, talvez começar a fazer o que se “deve”, para
evitar tantos aborrecimentos. Mas quem é que consegue viver assim? Com certeza,
ninguém para quem a música importa algo conseguiria fazê-lo.
Você começa a andar com os discos na mochila (trinta e
poucos anos, e ainda sai de mochila por aí?) e começa a ouvi-los quando dá
tempo. Ninguém – seus “colegas” de trabalho, conhecidos, parentes – entende
porque você escuta essas canções sem refrão, sem distorções óbvias ou
ganchinhos saltitantes. Mas tudo bem. Eles passam suas noites de seu modo
ordinário, enquanto o disco lhe recorda que “ninguém vai dormir” enquanto
tivermos vontade de fazer algo mais substancial. Mesmo que estejamos de olhos
fechados.
É quando você abre os olhos e vê que você mesmo está
sorrindo. Sem cinismo.
Leonardo Vinhas

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