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Entre a criança e o adulto, o que sobrou de nós?

fotos de Karla Vizone

 A brincadeira começa
fora do teatro. É bichinho de pelúcia pra todo canto, gritos, correria… somos
crianças brincando no pátio da escola, se quisermos nos permitir, e o astral é
de algazarra. Dentro, o clima também pode ficar tenso, embora comece com um
convite para continuar brincando! Em “CriÂnsia”, peça que a Processo
Multiartes remontou depois de 15 anos e apresenta em temporada gratuita no Teatro
Experimental da UFPR, o TEUNI,
 a plateia
é convidada a participar de brincadeiras e a lembrar um pouco dos bons momentos
da infância. De forma tranquila – e quem preferir não participar terá os
lugares para sentar-se.


Eu topei, claro,
afinal brincar é sempre bom! Em cima de um imenso quebra-cabeças que é o palco, pequenos grupos se formam, a convite dos atores, para compartilhar
diferentes brincadeiras. Até que toca o sinal e logo a gente lembra  do ‘nosso tempo’ de escola ao mesmo tempo em
que se dá conta que os tempos são outros. Mulheres e crianças atrás dos homens
e uma série de ordens da diretora, ao som de um hino, começam a por tudo no
lugar (ou seria fora do lugar?). Fila, dar distância, pare de brincar,  comporte-se, dá esse brinquedo aqui! Acabou a brincadeira!

Não vou estragar as
surpresas para quem quer assistir ao espetáculo que segue em cartaz até dia 16
de dezembro – e que mexeu muito comigo, talvez por ver ali encenadas algumas situações
que, infelizmente, espelham o momento intolerante em que vivemos. Adriano
Esturilho se mostra cada vez mais fera em criar uns climas cênicos reais e conta com aliados importantíssimos
para atingir seus objetivos. Cenário, figurino, intervenções, movimentações, elenco e equipe de apoio, um conjunto harmônico, e que me pareceu impecável, brinca com ironia e graça em meio a algumas desgraças. E o lugar escolhido se mostra perfeito!

O som ao vivo, desta feita com tambores que criam
um clima meio ritualístico, em alguns momentos, é peça-chave. Entre o esboço
que vi em ensaio até a apresentação da semana passada, um
espetáculo (hummm, não, essa palavra não tá caindo bem para o que vi) que se constrói com referências dos anos 80 e 90 para falar de agora, quando
estão vivendo os adultos que ‘fomos’ adolescentes lá. 


Tem programa de auditório e letras de músicas infantis inacreditáveis (e o pior é saber que a bizarrice nem é sempre exagerada), tem ‘nave
espacial’, tem referências atuais diretas, tem texto e cenas que doem na gente –
e o que pega mesmo é o que expõe sobre as pessoas, entregando o que elas pensam.
É aí, que Criânsia nos põe no chão – ou foi aí que Criânsia me pôs no chão!
Em uma cena, a
turminha oprime violentamente um colega; na outra é o coleguinha que dá o troco…
me vi pensando no mundo lá fora, no que estamos nos transformando, no que as
pessoas desejam para o outro e o que pode acontecer com elas, já que não se dão
conta de estão caminhando para um abismo moral…


Pra mim, que não passo
de alguém da plateia que quer experimentar o que a obra propõe,  esta remontagem de Criânsia é um dos
grandes trabalhos do teatro brasileiro de 2018. Usa de forma bela a
simplicidade, nos coloca dentro de um clima lúdico e lá dentro
estraçalha e convida quem tá na plateia a a dividir suas
histórias e confidências, também, se quiser. Sempre se quiser! A equipe conta que ouviu
depoimentos de chorar, mesmo. Tem momentos de gargalhadas que cedem a um riso
nervoso, a postura fica incômoda. E tem momentos em que o silêncio é tão a
única coisa que nos resta que, sim, dá um imensa vontade de chorar! E tem o
momentos em que o lúdico toma conta da gente, como a grande ciranda que se
forma, com direito a quem quiser puxar uma cantoria! 
Vá ver e quem sabe
conversamos mais sobre isso tudo que está por aí, depois.

A temporada segue até
16 de dezembro, de quinta a sábado às 20h30 e ao domingos às 19h30. O 
TEUNI  fica na Praça Santos Andrade, s/n –
Prédio Histórico da UFPR. E é preciso chegar uma hora antes para retirar a senha do ingresso.  A
 classificação é 16 anos.
Ficha
técnica:
Texto e Direção:
Adriano Esturilho
Elenco: Cleydson
Nascimento, Debora Vecchi, Mariana Barros, Allan Brasileiro, Jossane Ferraz,
Paulo Kabuto
Músico e Sonoplasta:
Eugênio Texeira Fim
Preparador Corporal:
Andrew Knoll 
Cenografia : Guenia
Lemos 
Cenotécnico: Willian
Batista 
Figurinos:  Eduardo Giacommini      
Aderecista: Katia Horn          
Iluminação: Lucas Amado    
Técnico
Responsavel  : Julio machado
Produtora Executiva
Judy Fiorese
Diretora de Produção
Bella Souza
Assistente de Produção
Nathalie Rocha
Contrarregra Paulo
Silva
Assessoria de Imprensa
De Inverno Comunicação
Assessoria de
Comunicação Kadije Akl
Designer Gráfico e
Fotógrafa Karla Vizone
Realização: Processo
MultiArtes

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