Jornal do Estado/Bem Paraná
A Galeria Cilindro, criação coletiva: na foto maior, a obra nascendo, no Parque Barigui; no detalhe ela transportada para o Centro de Criatividade (foto: Divulgação)
Reportagem visitou intervenções feitas por alguns dos cem artistas que estão participando da Bienal VentoSul, até outubro
Adriane Perin
Basta que a pessoa fique com uma carinha de interrogação para que uma intervenção urbana – algum tipo de “provocação” feita por artistas em espaços abertos das cidades, simploriamente explicando – atinja suas intenções. Se a pessoa entendeu ou sabia do que se tratava não é tão relevante. É o entendimento de Julio Leite, criador da Galeria Cilindro uma das intervenções da Bienal VentoSul, em cartaz em espaços fechados e também em praças, ônibus e janelas da cidade até outubro. Iniciada no Parque Barigui, a Galeria Cilindro agora está no Centro de Criatividade. Ela é uma das intervenções que a reportagem foi conferir de perto. Abaixo, o leitor encontra um breve roteiro do que está à solta pela cidade. São obras de nada menos que cem artistas em diferentes espaços (www.bienalventosul.com.br)
A Galeria nasceu na área externa de um caixa eletrônico cilíndricoo em Campina Grande, na Paraíba, terra de Leite. Ele não trabalha sozinho. Embora não seja um coletivo, sempre convoca outros criadores para ajudar a intervir em algum tipo de equipamento cilíndrico. Em Campina esse “equipamento” é fixo. Em Curitiba e Cuba, onde esteve em abril, são móveis. “Convidei outros artistas que estavam na cidade por conta da Bienal, japoneses, espanhois, alemães e os brasileiros Interlux e Bijari, de Curitiba e São Paulo, respectivamente. Andamos pela cidade de bicicleta vestidos de macacões vermelhos, elementos visuais que se transformaram na instalação”, explica. Eles estão pendurados nas paredes do Centro de Criatividade e no meio, a estrutura cilíndrica usada aqui”. A mobilidade tem a ver com a proposta da Bienal. “Cilindro é uma obra que dispensa autoria, ele as mistura. O projeto é meu, mas não termina. É sempre um começo que vai se desdobrando”, observa o autor, que está com a cabeça nessa criação desde 2004. Para Leite, trata-se de uma obra política, na medida em “que possa cooptar a arte contemporânea, os artistas conceituais. Também quer trazer a arte regional e quebrar alguns conceitos. Colocar na praça pública a chance de diálogo com a produção contemporânea”. E quebra com a previsibilidade de espaços pré-definidos. Neste sentido que ele defende a desimportância da pessoa saber que é uma ação artística. “Promove essa quebra de padrão, com esse ter sempre que entrar em galeria ou museu para ver arte. Encontrar uma ação urbana em logradouros públicos é enriquecedor para artista e público, e surpreende. Só que são obras efêmeras, pensadas para o lugar previsto”, pontua.
Para Leite, essa arte “confinada na realidade” é algo mais da modernidade, não pertence à a contemporaneidade, que “quebra o paradigma e a tira dos museus e galerias, procurando uma forma de diálago, que é positiva para um lugar como Curitiba, uma cidade com tantos parques, por exemplo”, comenta. “Se existe algo entre o trabalho e uma pessoa que passa, mesmo que seja uma tensão, é porque provocou algo. Ninguém olha para o que não lhe chamou a atenção”, finaliza.
não sei mais o que é arte…depois que chamaram pixação de arte e colocaram mostras no museu, minha percepção foi pro beleléu!
Eu sou a favor da urbanização da arte.