“Só creio que infelizmente estamos baseados nos dois problemas que, pra mim, estragam a música: resultado e técnica. Sei que fiz muito pra entender dos dois, e lidei muito com isso (e ainda vou continuar lidando), mas a sinceridade as vezes não vem a tona se esses dois fatores entram na frente. Não julgo quem gravar uma música, já fazer MySpace, tirar foto, fazer clipe, fazer projeto pra Funcultura, querer tocar em festivais, querer lançar discos ou online, aparecer na tevê, dar entrevistas, fazer tournées mundiais em que interessa o nome da cidade e país, e não pra quantas pessoas se toca, não seja nada mais do que resultado, nenhum mérito se tem em aproximar do que já foi feito para atingir metas de quem teve o mesmo caminho, e tirar onda com isso tudo, achando-se importante e relevante para a música. Pois não o é, mesmo. Talvez, por algum motivo, possa impressionar as pessoas, possa iludir sobre o resultado, possa passar sentimentos positivos. Só que não canto uma música recente há tempos. Não me fica na cabeça melodias de discos novos, há anos. Ano passado, Radiohead. Ontem, só Chico Buarque. Continuo ouvindo aqui na memória coisas do passado, às vezes distante. Algumas perdidas, algumas canções, mas é bem pouco pra quando se tinham discos com todas as músicas cantáveis, ou músicas compostas há séculos que ainda mexem profundamente com alguma coisa que não temos compreensão. Em épocas de discussões acirradas por aqui, acho bom relembrar que música é mais do que matemática, e isso que estamos vivendo: formulas técnicas, de produção executiva, de resultados, de falsos méritos. Ainda assobio “Vassourinhas” quando passo em Olinda no carnaval.”
trecho da excelente entrevista do produtor Iuri Freiberger no Scream Yell.
Leia a íntegra aqui.
muito boa mesmo. E muito bom o trecho que vc escolheu. Quando a li, só pensei que tive mais "sorte" que ele, porque eu posso, sim, listar, entre os sons recentes que ouço, canções maravilhasas que ficam em mim.