Criar um projeto ao invés de só ir pra uma balada, dá trabalho. Mas, também dá uma satisfação enorme. Já falei várias vezes da alegria que é estar na frente de um palco que ajudei a armar. Já falei que considero isso que faço jornalismo também. Também já falei do prazer de poder chamar de amigos pessoas que antes admirava só pela arte que faziam. Sexta-feira passada foi outro dia desses prazeres. Teve estresse? Teve. Sempre tem. Eu me exaltei, me irritei, quis transformar alguém no meu Bartolomeu Simpson? Quis, lóóóógico que sim. Daí, fui pra casa tomar um banho e me preparar para a parte boa de tudo.
Confesso que ainda tava ansiosa pelo Hotel Avenida (vê se tem cabimento, isso?) que fez poucos ensaios mas, agora já posso falar que sei que eles já são uma banda. Não é mais “só” amigos quebrando o galho de velhos parceiros e ocupando postos instrumentais temporários.
Agora, Hotel Avenida é uma banda e isso fica claro no astral no palco – e nos ensaios, privilégio de uma observadora próxima como eu. A cada ensaio e os vi ganhar força, vi nos olhos do Jr e do Jansen a vontade de fazer parte dessa história, senti nos movimentos e no interesse pelos detalhes, no cuidado de anotar observações de cada música nova, a alegria de quem sente bem por estar de volta a um palco. Quem diria, Ivan, que vc proporcionaria isso pro batera do CMU Down e Sofia? Quem diria que vc faria o convite que traria o baixista do Magog de volta pra cena? Do mesmo jeito que botou pilha no Igor pra cantar sim, e em português e suas próprias músicas. Do mesmo jeito que pegou os escritos do Rubens e fez o que bem quis – e deu no que deu, lindas canções. Histórias de bastidores… voltas com as quais o mundo dá suingue pra nossa existência.
Outra coisa que fica claríssima pra mim nesse show: agora sim, The Julian faz parte, mesmo, da Hotel Avenida. Tá mais dono do seu pedaço, começando até a fazer uns charminhos enquanto toca. Claro, que tudo com a seu jeito discreto. Tá indo pra frente! O show do Hotel Avenida foi muito bom, apesar do violão decidir “morrer” entre uma música e outra. Quando o show do Hotel acabou toda minha ansiedade já tinha ido embora. Adorei até as filmagens escuras que fiz.
Aí, pensei, agora vou me acalmar e curtir o show da Lestics. Acalmar???? Os caras entraram no palco e eu pasmei, esperava os violões, as canções de melodias reconfortantes. Claro que tive isso tudo. Mas, os caras entraram no palco destruindo tudo. Eu até parei de filmar pra me expressar, sabe aquelas evoluções sonoras que vão crescendo, criando uma massa e te arrastando junto? Foi assim que me senti. Uma grande onda, um tsunami vindo, vindo e me levando… Eu já vira Lestics, no Rock de Inverno 7, num palco maior. Talvez tenha sido isso, a proximidade do Wonka também deve ter pesado e aproximado.
Mas, os caras fizeram um show mais rock, mais pesado, sem deixar de lado, lógico, aquelas melodias que dão uma cara pop sem perder nada. Mesmo agora ouvindo o disco Aos Abutres, e prestando atenção de novo em cada palavra, posso sentir a diferença entre o disco e o show. Não sei se foi a tensão do Rock de Inverno todo, mas dessa vez bateu diferente. Senti mais a força dos Lestics ao vivo.
Não vou falar de nenhuma música, porque não dá pra falar só de uma. Cada vez que ouço qualquer uma delas é impressionante o tanto de imagens, sensações e emoções que vêm junto. ( “ o lençol na cabeça, o travesseiro nos pés, o ponteiro pequeno no oito, o grande quase chegando no dez. o sol na janela, o café na cozinha, os gatos brincando na sala, a sua boca colada na minha…” querem coisa mais corriqueira – e linda – que isso?. Essa é a magia do Lestics. No fim da noite, ficaram as músicas que continuaram tocando em mim, tanto Hotel quanto Lestics, e essa vontade, danadinha e sem vergonha, de fazer outra Noite De Inverno. (adriperin)
Lestics detonou mesmo. como eu disse, os caras resolveram cair no roque! ehehe
e se não tiver stress é capaz de a gente estranhar. rs
belo texto adri. como sempre direto do coracao.
massa os videos, bem vinda.
saudades.
E a radio Educativa? Gorou?putz