Divulgação/Guilherme Freitag e Ricardo Jaeger
Este é a Tenente Cascavel, a mais nova banda independente brasileira
Ex-integrantes das bandas gaúchas Cascavelletes e TNT comentam o novo projeto que une músicos das duas formações oitentistas, o Tenente Cascavel
Adriane Perin
O deboche, a adrenalina e as temáticas impertinentes de duas bandas que ajudaram a cunhar o termo “rock gaúcho” estão de volta aos palcos – e com o sabor que só o tempero do tempo confere. Cascavelletes e TNT, grupos que romperam os limites do Sul e arrastaram boa parte do Brasil para dentro de uma sonoridade de sotaque muito próprio e tão forte que, anos depois, já serviu também pejorativamente. Mas aí, eles já estavam em outras esferas sonoras, tratando de construir outras histórias bem rock’n’roll. Márcio Petracco e Luis Henrique “Tchê” Gomes no TNT (guitarras), Luciano Albo (baixo, violão, guitarra), Alexandre Barea (bateria) e Frank Jorge (teclado, baixo, guitarra) n’Os Cascavelletes, fizeram parte disso. Agora embarcam no Tenente Cascavel, que teve sua semente plantada há tempos, como contam Jorge e Petracco.
“Uns dez anos atrás, mas morreu na casca”, lembra Petracco, para quem o TNT podia ter continuado na ativa até hoje. Mas, sabe como é, com o tempo, as diferenças afloram e um ou outro acha que tem mais direitos. Hora de ir cada um prum lado. Só pra tumultuar, bem agora que ele engrenou outro projeto, Os Locomotores, vem o Tenente C ascavel e, inesperadamente, acontece. Já está acontecendo sim, porque apenas com dois shows, lotados, na bagagem, o novo quinteto do pedaço já está compondo. “Se vai mexer no passado tem que segurar a onda, não dá pra chegar lá e fazer a mesma coisa. Vivi uma história triste, em 2003 quando nos reunimos pra gravar um ao vivo. Foi exigido que ensaiassemos tudo até perder a graça e rock tem que ter improviso, tem que deixar rolar. Se confio em você, deixo você tocar. Me deu uma deprê… Rock tem que ser: um, dois, três, quatro: isso é nossa vida”, desabafa. Agora é diferente, e o tom empolgado enquanto comenta sobre as novas composições não deixa margem alguma pra dúvida.
Esse pessoal se conhecia desde antes das duas bandas existirem, conta Frank Jorge. “Depois cada um teve uma trajetória própria. Nos conhecemos desde o fim da adolescência, época em que descobrimos a música juntos em shows em Porto Alegre”, completa o “cascavellete”, que também passou por outra banda lendária a Graforréia Xilarmônica e está no terceiro disco solo.
“A idéia de reunir essa turma para tocar esse repertório foi se impondo.E em 2007 fizemos um show com Os Cascavelletes originais que gerou uma comoção e o astral trouxe uma certa vontade e abriu perspectiva para uma continuidade. Daí, acabou vingando o encontro das duas formações, para mostrar esse repertório a um público que só as conhece da internet”, observa Jorge. “Sou fã de cada um desses caras. E cada um assumiu o que sabe fazer melhor; até um troço perigoso, que é fazer música nova, tá rolando”, emenda Petracco. “Perigoso porque o pessoal vai querer comparar com clássicos, mas tudo bem porque a galera aqui é muito bem resolvida e tem café no bulé para fazer algo à altura. E tem também a estrada, que nos coloca juntos. Se fosse marcar um churrasco sempre um ia faltar, e tocando junto todos se encontram”, ri o TNT bom de papo.
Perfil — Petracco gosta de música “desde sempre”. E por ela faz de tudo. “Já fiz instrumentos de sucata, trabalho com menor carente, sou tradutor de show gringo; faço o que me chamarem. Sou um operário da música, não um rock star. Costumo dizer que não preciso, mas se tiver que consertar instrumentos vou fazer com a mesma dignidade e prazer de estar fazendo música”, garante. As músicas novas ainda não estão nos shows. “O grande negócio é que tem espaço para o improviso. O Tche toca nessa onda. Ele combina comigo: vamos fazer isso, mas não avisa os caras. Na hora, eles se viram”
Olhando para trás, ele avalia que “a gente foi desbravador. Uma banda hoje em dia com um sucesso parecido com o TNT ganha bem”. “Era tudo mais complicado. A gente ia longe só pra ver uma Gibson, mentia que estava interessado para poder pegar na mão”, diz lembrando o tempo de meninos, entre 14 e 16 anos. O TNT existiu entre 1984 e 1994, em meio a desentendimentos. Petracco acha que foram inocentes. “A gente tinha público no Sul. No Rio e Sampa tinha que fazer playback. Ficar longe de casa deu um nó e quis voltar para o meu lugar, fazer show de verdade e não ficar rebolando pras câmeras. Vendo hoje, talvez devessemos ter insistido. Mas, aí vieram as questões econômicas, pessoas inebriadas e a ressaca. Nessa, depois da coletânea Rock Grande do Sul (NR. com TNT, Garotos da Rua, De Falla, Replicantes e Engenheiros do Hawai), a gravadora investiu em quem, vendeu mais”.
“Não queremos concorrer com as bandas de agora“
A Cascavelletes surgiu em 1986 quando Flávio Basso (também conhecido como Jupiter Apple e Jupiter Maçã, sob cujos nomes criou mais uma penca de deliciosos clássicos) e Nei Van Sória (guitarra) deixaram o TNT e se juntaram a Frank Jorge (baixo) e Alexandre “Lord” Barea (bateria) para lançar uma demo que já tinha alguns das canções que virariam seus hits. Em 1988, veio o primeiro LP e no ano seguinte, com um uma grande gravadora soltam Rock’a’ula, produzido por Dé (baixista do Barão Vermelho) e sem Frank Jorge, que foi para a Graforréia Xilarmônica. Neste disco, eles ultrapassaram a região Sul, com direito até a música em trilha de novela, “Nega Bom Bom”, em Top Model. O último registro é de 1991, um compacto. O jeito de cantar meio dengoso, as letras hilárias e tratando de assuntos mais intimos , digamos assim, que mesmo hoje não aparecem em canções, como menstruação, ficaram como marca da irreverência dessa trupe que influenciou um monte de gente.
“Nos reunimos iniciamos a elaboração, relembramos o material das duas bandas e fizemos dois shows lotados. E agora, que conseguimos dar certo gás, começamos a trabalhar repértório. É certo que essa história vai ter continuidade, independente de termos outros trabalhos musicais. Temos um entrosamento calcado em uma sólida amizade e está sendo bem bacana, sem nenhum sacrificio”
O que muda tudo, acredita, Frank Jorge, é o amadurecimento das pessoas. “Altera o sentido de trabalhar. O pessoal tem feito uma crítica que considero positiva. Dizem que estamos tocando melhor. É que na época tinha determinada maneira de perfomance, uma energia juvenil. Só que os caras vão evoluindo e acontece uma depuração Mantemos uma pegada forte, mas deixamos a adrenalina dos 19 para chegar um pouco mais ao equilíbrio dos 40, uma mistura com apuro técnico e a energia vital motriz, que é o que faz tocar com convicção”, situa ele, que via mais atrevimento na Cascavelletes, mas tem certeza de que as duas bandas se completam.
Sobre o que vem por aí? “Só gravando antes para ver. O que temos feito tá bacana, tem uma pegada rock and rol e estamos com um desafio: combinar simplicidade e elaboração. Mesmo os poucos acordes têm eficiência para transmitir a idéia”, observa. Até agora, o assunto gravadora não apareceu. “Nada disso tá bem definido. Hoje em dia não tem como não colocar tudo no my space. Vamos passar por essas etapas todas, não temos pressa, nem regra. Sei que o tempo passa rápido e temos que tentar mostrar serviço, mas não há a ansiedade de gravar correndo. Não tenho a ânsia de concorrer com bandas que estão por aí. Seguimos tocando porque gostamos, todos aqui tem uma linguagem própria e não estão preocupados em eixo Rio-Sâo Paulo, vamos tocar em qualquer lugar, vamos tocar pelo astral”, assegura.
Olá Adri, Olá Ivan
Tudo em paz com vocês?
Um ótimo 2009
Vou deixar aqui meu e-mail mantenham contatos “please”
bjs e abraços
Sandro
sandrogarciacontato@uol.com.br
http://myspace.com/sandrogarciasolo
oi sandro, que legal vc por aqui. e a quantas andam vc e consuelo, a música… enfim…. já anotei e vou entrar no seu espaço virtual… abço.