Semana passada fiz algo que há muito tempo não fazia. Baixar discos aleatoriamente de coisas que nunca ouvi falar, só pelo prazer de descobrir algo novo. Fazia muito isso antes, mas por preguiça, fastio, sei lá, há tempos andava sem saco pra ouvir qualquer coisa, e acabava, quando dava ou tinha vontade, ouvindo sempre as mesmas coisas, ou lances antigos que volta e meia eu resolvo escaranfunchar como uma espécie de exercício de memória afetiva.
Mas enfim, não sei porque me deu vontade de voltar a “prospectar” pelos blogs por aí. Como quando a gente, naquele longínquo tempo em que se frequentava lojas e comprava discos, fazia quando ia à saudosa 801 discos. Comprei muito disco lá nesse esquema, só pela capa ou pelo nome, sem ter nenhuma referência. E foi assim que descobri Tindersticks, Mercury Rev, Spiritualized e uma pá de coisas legais que gosto até hoje.
Hoje a coisa ficou bem mais fácil, e talvez por isso mesmo, tenha perdido um pouco da graça. É a velha história de que o que vem fácil a gente não dá tanto valor.
Me lembrei de uma das últimas vezes que tinha feito esse lance de pesquisar coisas novas em blogs já fazia uns três, quatro anos, e uma das últimas coisas que eu descobri assim por acaso foi o iliketrains, banda de Leeds que lançou o primeiro disco naquele ano de 2008. Como eu comentei na época, descobri o disco por acaso e baixei mais pela capa e pela descrição do blog e me maravilhei. Pois bem, eles estão com novo disco, que mantém as qualidades do primeiro e avança ainda mais na construção de melodias climáticas e épicas que caracterizam o grupo. “He Who Saw The Deep” é um disco para se ouvir com calma, em que mais uma vez o vocal grave se destaca e o instrumental minimalista te envolve.
Mas não era do iliketrains que eu queria falar, mas sim de outra banda que descobri nessa busca, bem nesse esquema, nunca tinha ouvido falar, baixei apenas por ter ficado curioso pela capa e o nome. The Sand Band, sei agora, é um grupo de Liverpool e lançou a pouco seu primeiro disco, o belíssimo “All Through The Night”. E ao ouvi-lo, fui invadido novamente por aquela sensação do prazer da descoberta. É incrível como certas coisas parecem que estão lá só esperando você, porque adorei o som desde a primeira orelhada. É bem na linha que eu gosto, aquela coisa slow, minimalista, melódica, que te eleva, e te faz esquecer de tudo. É impressionante como a música tem esse poder. Quando você menos espera, e já está naquela de achar que não tem mais nada por aí que lhe interessa, que você já não tem mais vontade de ouvir nada, está cansado de tudo, de repente por acaso topa com algo que recupera de novo toda aquela paixão pelas belas canções. E é de belas canções que a Sand Band fez esse disco, pelo que eu andei lendo, gravado caseiramente. Soa algo como uma combinação de Mojave 3 com Spiritualized. Vocal cantado baixinho, quase sussurado, guitarras econômicas, e uma atmosfera de sonho. Enfim, tudo aquilo que me faz ter vontade de ouvir, e ouvir de novo e de novo. Como é bom saber que ainda tem isso por aí. Que o mundo da música não é esse planeta de plástico e vaidades vazias como as vezes a gente tem a sensação de que tudo se tornou. Tô adorando ouvir música nova de novo. Porque por mais que a gente se sinta cansado, e as vezes, com vontade de sumir, de não ouvir mais nada, de não conhecer mais nada, sempre teremos as canções pra salvar nossos dias. Sempre haverá uma canção à sua espera para te fazer sentir como dá primeira vez em que elas lhe tocaram profundamente o coração. E tudo começa de novo.
nada como a música pra despertar seus textos mais pessoais. realmente é muito bacana conhecer caras assim nos primeiros discos. o iliketrains também foi o primeiro disco, esse é segundo. muito bom os dois discos, as duas bandas.
Frequentei a 801 discos na década de 90… O dono lembro que era um rapaz de olho puxado .. snme o nome dele era Horácio ou alguma coisa parecida… Voltava do centro após o serviço ( office-boy ) e parava la para bater um papo e trocar informação sobre música. Não existia internet… tudo era descoberto na RAÇA!.. bons tempos… o cara indicou altos sons maneiros e me trouxe algumas raridades da Europa… tempo bom que não volta…
O Horácio trabalhava lá sim. o dono era o Pedro. tinha também o Torrone e o Claudião. só figura. grandes conhecedores de música.
abs